A arquitetura produzida no Rio Grande do Norte e em Natal foi muito modesta em suas dimensões e soluções. Por ser uma província de poucos recursos financeiros, a arquitetura pouco se desenvolveu na sua totalidade e quase nada foi preservado.
Com a vinda da Coroa portuguesa para o Brasil, houve uma grande influencia européia na arquitetura e nos hábitos da população. Quase tudo era importado do velho mundo, inclusive alguns elementos arquitetônicos, como grades ferro rebuscadas inspiradas num novo movimento artístico que surgia na passagem do século XIX para o século XX: o art nouveau.
Um exemplo a ser citado é o Teatro Alberto Maranhão, que articula elementos arquitetônicos de diferentes estilos. A fachada principal, ao nível do térreo, está guarnecida com cinco portões de ferro, fundidos em Paris e igual número de janelas no pavimento superior. A cobertura é arrematada complatibanda, adornada com elementos de metal, jarros e janelas importados da França.
Não obstante se verifique claramente a sua origem neoclássica, a presença dos elementos trabalhados em ferro fundido remete ao estilo art nouveau e o uso de outros elementos decorativos na fachada permite caracterizar como obra eclética.
Também encontramos o estilo eclético no prédio onde hoje abriga a Ordem dos Advogados do Brasil, construído em no início do século XX, a partir de um projeto do arquiteto Herculano Ramos, fortes referências ao estilo neoclássico, contudo elementos em ferro fundido são influências do art nouveau. Uma de suas principais características são os motivos ornamentais inspirados nas formas orgânicas da natureza.
Cabe ainda mencionar a influência da revolução industrial na arquitetura. Os elementos decorativos passaram a dar lugar à racionalidade. Surgiu assim, o movimento art deco que se desenvolveu a partir de 1925 na Europa. Os artistas e arquitetos vinculados a esse movimento procuraram conciliar a arte e a indústria (desenvolvimento tecnológico). Na arquitetura, valorizavam-se as linhas, planos e volumes geométricos, os quais também se atribuíam funções decorativas.
Em Natal, o art deco está bem retratado no edifício onde funcionou o antigo cinema Rio Grande construído em 1949. Verifica-se a predominância de planos e linhas retas, formas escalonadas e um jogo de volumes de alto e baixo relevo, o que confere às suas fachadas variedade e ritmo.
O edifício do antigo Grande Hotel, projetado pelo arquiteto francês George Mounier (contratado pelo Interventor Mário Câmara), inspirado em linhas simples, primado pelo despojamento decorativo, é arrojado pela sua dimensão, possui quatro pisos e fachada
Aos poucos, a arquitetura da cidade foi se transformando, os ornamentos rebuscados do art nouveau passaram a dar lugar aos elementos oriundos de uma nova era tecnológica de linhas retas. O art deco situou-se em meio a uma transição da arquitetura ainda referenciada nos padrões clássicos para uma nova arquitetura funcional, desprovida de elementos decorativos, onde o belo está nas formas geométricas e puras.